domingo, 17 de outubro de 2010

OS DESABAFOS DO VICE PREFEITO TELMO VIEIRA

Edição Nº 599 - 15/10/2010 (Sexta-feira) Notícias Geral

“Eu me sinto muito triste por ter ajudado a eleger o Djalma Berger”
15/10/2010 (Sexta-feira)

“São José está muito mal”

Vice-prefeito diz estar arrependido por ajudar a eleger Djalma Berger


Telmo Vieira (PDT), vice-prefeito de São José, diz que não mantém contato com o prefeito do município Djalma Berger (PSB) desde o início do ano passado (2009). Segundo ele, os compromissos assumidos durante a campanha de 2008 não estavam e continuam sem estar sendo cumpridos pelo atual mandato.
“Nós viemos de um governo que deixou a desejar em algumas áreas, mas atualmente a população josefense vivencia uma administração municipal de pirotecnia, de faz de conta. Isso é um absurdo”, diz.

Segundo Vieira, a idéia principal do prefeito Djalma Berger era dar um fim ao Centro Universitário Municipal de São José (USJ). “Ele achava que era desperdício de dinheiro público investir no USJ. No meu entender, nós só veremos o município desenvolver se investirmos em saúde e educação. Ele (Djalma Berger) não se preocupa com isso.”

O vice-prefeito salienta que Berger não queria dar continuidade a projetos de outro prefeito, como por exemplo o Centro Universitário Municipal de São José (USJ), que foi implantado pelo ex-prefeito Fernando Elias. “Isso mostra despreparo para administrar”, diz.


E o social?

“Hoje se for olhar para a saúde de São José é uma lástima, é uma vergonha, só não vê isso quem tem plano de saúde e não precisa sair de madrugada para ir até algum posto de saúde do município”, diz Telmo Vieira. “A administração é muito amadora, esqueceu-se da parte social”, completa.

Ele conta ainda que na época em que estava em campanha com Djalma Berger, foi prometido que se mantivessem os projetos do governo de Fernando Elias. “Hoje isso não é uma verdade. A população perdeu tudo o que tinha conquistado no governo anterior. Para Djalma Berger, as pessoas não estão em primeiro lugar”, diz.

De acordo com o vice-prefeito, Berger só beneficia as pessoas que correspondem às suas vontades. “A sociedade está mesmo descontente, e eu me sinto muito triste por ter ajudado a eleger uma pessoa assim”, comenta.

Ele compara o município de São José de 2010 ao que era no ano de 1996, quando era conhecido como cidade dormitório. “Temos muitas ações para serem modificadas”, diz.

USJ

Para o vice-prefeito Telmo Vieira, professor há quase três décadas, a sede do Centro Universitário Municipal de São José (USJ) é um capítulo a parte.

“O prédio que está sendo construído na Beira-Mar de São José é para amparar o colégio de aplicação, e a sede do USJ, que hoje fica no Colégio Maria Luiza de Melo (Melão), mas o prefeito é contra”, diz. “O grande investimento feito com a implantação na USJ está perdendo o brilho. Os pais, alunos e professores estão descontentes com a situação”, completa.

Para ele os melhores espaços públicos devem ser utilizados para a educação e a saúde, e não é isso que vem acontecendo. Vieira citou o descaso ao Centro Multiuso e ao Centro de Atenção à Terceira Idade (CATI), que estão praticamente abandonados, e sem atividades, ao contrário de quando eram utilizados no governo de Fernando Elias. “Onde estão os grupos de idosos?”, questiona.

Segundo ele, falta respeito com a história de São José, com as crianças, médicos, dentistas, pois não adianta ter prédios bonitos se falta estrutura para a população. “Até a guarda municipal está desestruturada. A população está esquecida pelo governo municipal”, desabafa.

Vieira ressalta que segurança não se resolve só com policiamento, mas também com políticas públicas, o que inclui a educação. “É ela que dará dignidade aos jovens da periferia”.

Ele diz lamentar profundamente por tudo, e que se coloca como um crítico, um porta-voz das pessoas que o procuram. “Nós precisamos nos organizar para em um ano e meio ou dois mudarmos essa história, colocando o cidadão josefense como preocupação principal”, salienta.

“Eu quero disputar a próxima eleição para prefeito. Como eu não pude ajudar a administrar nesse mandato, coloco-me à disposição para o próximo”, declara.


Centro Administrativo
Outro ponto decorrente, segundo Vieira é o tratamento que vem recebendo dentro da Prefeitura Municipal. “As pessoas não podem mais conversar comigo, pois têm medo de sofrer represálias.”

Ele conta ainda que o veículo oficial que utilizava a trabalho foi leiloado, seus empregados foram demitidos, o material de gabinete é escasso e que até o café ele tem que levar de casa. “Além disso, tentaram alterar o regimento interno para eu não assumir na ausência do prefeito”, conta.

Vieira destaca ainda a troca constante do secretariado do município, pois a cada mudança de secretário, maior é o tempo de conclusão dos projetos, pois tudo volta “à estaca zero”. “Se os secretários estão no cargo que estão é porque eles compactuam com o prefeito, pois quem tem ética e dignidade não agüenta ficar”.

Ele diz que prefere muito mais estar junto à comunidade do que dentro do gabinete. “Só não abro mão do mandato de vice-prefeito, pois fui eleito pra isso. Se não é pra ajudar a governar, é pra ajudar a fiscalizar, pois se a câmara de vereadores não faz papel de fiscalizadora, eu faço”, conta.

“Eu não tenho medo de perder as regalias que eu já não tenho, mas os vereadores temem isso. Existem alguns deles que durante a campanha ficavam indignados com a nossa candidatura, e hoje são líderes de governo”, comenta.

Câmara de vereadores

Vieira diz se envergonhar com grande parte dos vereadores de São José. “A maioria era oposição do prefeito, agora são a favor porque não querem perder seus benefícios”, conta. “A população precisa saber quem é quem nesse processo. Hoje eles dizem amém a tudo o que o prefeito diz”, continua.

Como defensor da bandeira da educação e da saúde, o vice-prefeito declara estar descontente por nenhum vereador defender estas causas na tribuna. “É lá que eles deveriam reivindicar os direitos da população”, diz.

Sobre a reforma do prédio da Câmara, Telmo Vieira aprova a iniciativa do presidente Amauri dos Projetos “A Câmara merecia uma transformação, os legisladores também. Eu acho que o Amauri (dos Projetos) só perde a oportunidade de marcar realmente a posição, pois como presidente da Câmara ele tem uma grande oportunidade de mostrar a outra cara da cidade”, diz. E completa: “A reforma não pode ser só no prédio, ela tem que acontecer também na postura dos vereadores”